O MERCADO NACIONAL DE CARNES – PARTE II

PARTICIPAÇÃO (%) DAS REGIÕES BRASILEIRAS NO EFETIVO DO REBANHO BOVINO NO PERÍODO DE 1996 A 2016 – Fonte: IBGE – Pesquisa da Pecuária Municipal. Em 1996, a região Sudeste era a detentora do segundo lugar, com 23% do rebanho, aproximadamente 37 milhões de cabeças. Ao longo dos anos, o número de cabeças do rebanho desta região aumentou para cerca de 39 milhões de cabeças, entretanto esse número corresponde à cerca de 18% do total, o que coloca a região como a detentora do terceiro maior rebanho brasileiro. A região Sul contava com 17% do total em 1996, ou seja, cerca de 26 milhões de cabeças, o rebanho dessa região atingiu o total de 28 milhões de cabeças em 2016, mas passou a representar 13% do total. A região Nordeste, que inicialmente foi detentora de cerca de 24 milhões de cabeças, 15% do total, em 2016, responsável por 13% ou 28 milhões de cabeças. O caso mais evidente é da região Norte, que em 1996 era responsável por 11% do rebanho bovino brasileiro, cerca de 18 milhões de cabeças, já em 2016 viu esse tamanho expandir 11 pontos percentuais, atingindo 22% do total, cerca de 48 milhões de cabeças. O forte crescimento da pecuária no Norte teve início nas décadas de 70 e 80, com programas do governo federal para expansão da fronteira agrícola e ocupação da Amazônia. Além disso, em um cenário mais recente, a expansão foi motivada pelo preço baixo das terras e boa disponibilidade hídrica. Os estados responsáveis por esse crescimento são Rondônia e Pará. Apesar da região Norte apresentar uma boa taxa de expansão, na última década esse crescimento foi mais tímido, 2 pontos percentuais entre 2006 e 2016. O o potencial de intensificação da pecuária medido em unidade animal por hectare. Vale destacar que ainda há um grande espaço para a intensificação da pecuária no Brasil, pois historicamente a taxa de lotação da atividade é extremamente baixa, cerca de 1 unidade animal por hectare. O bioma Pampa, presente unicamente no estado do Rio Grande do Sul e com grande quantidade remanescente de pastagens naturais destaca-se com grande potencial de intensificação, seguido do estado de Minas Gerais e sudeste do estado do Pará. A intensificação da pecuária mostra-se como uma das peças chave para promover a expansão sustentável do setor, aumentando a competitividade da atividade e agregação de valor ao mesmo que promove a conservação de ecossistemas e da biodiversidade dos biomas onde a atividade está inserida. Além disso, acompanhando o aumento no efetivo de bovinos, o abate no país apresentou crescimento acentuado entre 1997 e 2017. Entre 1997 e 2007, o número de abates cresceu ano a ano, saltando de 15 milhões de cabeças abatidas para cerca de 31 milhões, aumento de 106%. Em detrimento da crise econômica mundial de 2008, com repercussão na Europa durante os anos seguintes, e que afetou diretamente o volume exportando pelo setor, houve uma variação negativa no número de animais abatidos entre 2008 e 2011. Além disso, com a divulgação de alguns casos de epizootias no rebanho, o setor enfrentou obstáculos e restrições temporárias impostas por alguns países à carne proveniente do Brasil. Apesar dos expressivos números da evolução da taxa de abate, ainda em março de 2017 o setor se deparou com a operação “Carne Fraca” deflagrada pela Polícia Federal afim de investigar a irregularidades em alguns frigoríficos brasileiros, colocando em xeque a qualidade da produção nacional. Os efeitos dessa operação, que ainda está em andamento, podem não ter sido completamente absorvidos pelo setor, ademais os dados de 2017 apontam que o setor retornou ao mesmo patamar de abate de 2007, mas ainda está abaixo do nível recorde atingido em 2013. A queda na demanda interna por carne vermelha se deu especificamente a partir de 2014. Em 2013, o consumo interno era de cerca de 7,9 milhões de toneladas, mantendo estável em 2014 e a partir daí apresentando quedas até 2016, e não tendo retomado aos níveis de 2013 em 2017.

O Brasil é, portanto, um país que apresenta vantagens para a produção de carne, com disponibilidade de terras e condições climáticas favoráveis a diversos sistemas de produção.

SUÍNO O Brasil, com a marca de 40 milhões de cabeças de suínos, é o quarto maior exportador mundial desse segmento, segundo dados do United States Department of Agriculture – USDA14 (2018), contando com a União Europeia em primeiro lugar, seguida dos Estados Unidos e Canadá. O setor também é o quarto maior produtor mundial, atrás da China, União Europeia e Estados Unidos. Nos últimos 20 anos a produção do setor vem crescendo, como mostra o Gráfico 8, e entre 1997 e 2017 viu sua produção saltar de 1,5 milhão de tonelada para 3,7 milhões, uma taxa de crescimento de 142%. A taxa de crescimento de 142% apresentada pela produção de carne suína superou muito o crescimento de 31% do rebanho no período, mostrando ganhos expressivos de produtividade no setor. Em 2016, a região que conta com o maior rebanho suíno é a região Sul, detentora de cerca de 50% das cabeças desse segmento. Em 1996 essa região respondia por 43% do rebanho. As regiões Nordeste e Centro Oeste merecem destaque. Enquanto o Nordeste era responsável por cerca de 24% do rebanho em 1996 e em 2016 viu sua parcela diminuir para 15%, a região Centro Oeste foi na direção oposta. Em 1996 o Centro Oeste detinha cerca de 8% do rebanho brasileiro e em 20 anos viu seu tamanho dobrar, se tornando responsável por cerca de 15% do total. Acompanhando o crescimento da produção o abate também apresentou crescimento acentuado entre 1997 e 2017, como mostra o Gráfico 10. Para o período analisado o número de abates saltou de 13,6 milhões de cabeças em 1997 para 43,2 milhões em 2017, taxa de crescimento de 217%. O abate por região, assim como a sua taxa de crescimento entre os anos 2000 e 2017. Durante esse período o abate cresceu 184,5% no Brasil, atingindo quase 3,8 milhões e toneladas. Essa taxa foi majoritariamente impulsionada pelo crescimento de cerca de 146% na região Sul, atingindo mais de 2,5 milhões de toneladas de animal abatido. O consumo interno de carne suína saltou de 8,8 milhões de toneladas em 2013 para 9,3 milhões em 2015, crescimento de cerca de 5,5%. Já em 2016 o consumo caiu para 9 milhões de toneladas, o ano se mostrou difícil para a suinocultura brasileira, os custos de produção se elevaram com destaque para o milho, o que prejudicou fortemente o setor, principalmente no primeiro semestre de 2016. Além disso a crise econômica brasileira diminuiu o poder de compra do consumidor, enfraquecendo a demanda interna, que vinha crescente desde então. Esse movimento acompanha o consumo de carne bovina que também reduziu entre 2015 e 2016, saindo de cerca de 7,78 milhões de toneladas para 7,65 milhões.

 

 

¹. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/series-historicas Complexo Soja Material de Transporte e Componentes Minérios Metalúrgicos Petróleo e seus derivados Complexo da Carne Produtos Metalurgicos 17% Produtos das Indústrias Químicas Açúcar e Álcool Máquinas, Aparelhos e Instrumentos Mecânicos Papel e Celulose Café Demais Produtos CAPÍTULO 1 12

² Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/ppm CAPÍTULO 1 14 INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CARNES Gráfico 02 TAXA DE CRESCIMENTO ACUMULADO DO EFETIVO DOS REBANHOS NO BRASIL ENTRE 1996 E 2016 Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal

 

 

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