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O MERCADO NACIONAL DE CARNES- PARTE I

 

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CARNES

PRODUÇÃO AGRÍCOLA – O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encerrou o ano de 2017 em R$ 6,56 trilhões, enquanto o do agronegócio fechou em R$ 1,42 trilhão, representando 22% do PIB total. O setor de carnes brasileiro, composto neste estudo por carnes suína, frango e bovina, foi responsável por 31% do PIB do agronegócio em 2017, encerrando o ano em R$ 433 bilhões. Assim, o Brasil ainda se apresenta como o 4º maior produtor mundial de carne suína e o 2º de carnes de frango e bovina. Apesar do recuo de 2016 em relação a 2015, as exportações da agropecuária brasileira se recuperaram e atingiram volume recorde em 2017, representando 44% das exportações totais, o equivalente a cerca de US$ 96 bilhões dos US$ 218 bilhões exportados pelo Brasil. O complexo da carne foi um dos grandes promotores desse resultado, sendo responsável por 7% das exportações brasileiras, cerca de US$ 15 bilhões, ocupando a 5ª colocação no quadro geral.

Para entender melhor a relevância desse setor é importante determinar o mapeamento da produção de carne no Brasil, para tal são utilizadas diferentes bases de dados com informações tanto em âmbito nacional quanto regional, e em alguns casos são evidenciados também dados estaduais. A partir disso, são apresentados dados de volume e valor da produção.

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CARNES Essa ressalva é importante, pois o setor de carnes brasileiro precisa ser apresentado e categorizado em cada um de seus segmentos, bovinos, suínos e frango, de maneira desagregada já que a produção, comercialização e a indústria apresentam os dados dessa forma. Além disso, a representatividade de cada um desses segmentos para o setor de carnes, a agropecuária e a economia em geral é bastante diferente. No Brasil em 2016, o efetivo dos rebanhos apresentou 218 de milhões cabeças de bovinos, cerca de 40 milhões de suínos e 1,4 bilhões de frangos, como apresentam os dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 2018). A concentração dos rebanhos suíno e de frangos está no Sul do país, que detém 50% e 45% do efetivo, respectivamente, seguida pela região Sudeste com 17% e 27%, respectivamente. Para o efetivo bovino esse padrão se altera, a região responsável pelo maior rebanho é o Centro-Oeste com 34%, 75 milhões de cabeças, seguida pela região Norte com 22%, o que representa cerca de 48 milhões de cabeças.

Ao longo das últimas décadas o efetivo dos rebanhos tem apresentado expressiva taxa de crescimento tanto no Brasil quanto nas regiões brasileiras. O mais expressivo crescimento a nível Brasil é para o número de cabeças de galináceos que aumentou 86% entre 1996 e 2016, seguido de bovinos com 38% e suínos com 37%. A região Centro-Oeste apresentou a maior taxa de crescimento de suínos e frango para o período analisado, 150% e 263%, respectivamente. A região Norte mostrou-se a mais importante em relação ao crescimento do rebanho bovino com taxa de 167%. É possível observar que o rebanho suíno saltou 37% entre 1996 e 2016,  saindo de 29 milhões de cabeças para 40 milhões. Esse crescimento mostrou-se estável ao longo dos anos apresentando quedas nos anos 2002 e 2013, onde o tamanho foi de 32 e 37 milhões de cabeças, respectivamente. Em 2012, os principais insumos para a produção de suínos apresentaram aumento expressivo elevando os custos da produção e explicando a queda de cerca de dois milhões de cabeças entre 2012 e 2013².  O rebanho bovino, que em 1996 contava com cerca de 158 milhões de cabeças distribuídas pelo território brasileiro, cresceu 38% em 20 anos, atingindo 218 milhões de cabeças em 2016. O crescimento desse rebanho, assim como o de suínos, mostrou-se estável ao longo dos anos e atingiu um de seus picos em 2005, contando com 207 milhões de cabeças, um crescimento de 31% em relação a 1996. A partir de 2005, o tamanho desse rebanho apresentou queda nos dois anos subsequentes e voltou a sua trajetória de crescimento em 2008 e em 2010 conseguiu superar pela primeira vez os níveis de 2005, atingindo 210 milhões de cabeças, um aumento de 32%. Em consonância com os rebanhos já citados, os galináceos também apresentam uma trajetória de crescimento ao longo dos anos, contando com 728 milhões de cabeças em 1996, chegando a 1,35 bilhão em 2016, crescimento de 86%. Em 2006, esse rebanho atingiu pela primeira vez a marca de 1 bilhão de cabeças, crescimento de 39% em relação à 1996. Já entre 2011 e 2012, o rebanho registrou sua primeira queda para o período observado, cerca de 23 milhões de cabeças, período em que a agropecuária brasileira foi afetada por uma estiagem que reduziu a produção agrícola destinada à produção de ração e farelo para alimentação animal.

VALOR E VOLUME DA PRODUÇÃO O Brasil conta com os maiores rebanhos de bovinos, suínos e aves para abate do mundo. Alguns fatores que contribuem com esses números são: extensão territorial, clima favorável e investimentos em pesquisa agrícola. O desenvolvimento de tecnologias para os produtores bem como para as agroindústrias do setor são convertidos em ganhos de produtividade. A distribuição da produção brasileira de carnes não apresenta uma distribuição uniforme ao longo das regiões e estados brasileiros. A seguir, são apresentados volume e valor da produção, que juntamente com os dados de rebanho compõe o mapa da produção agrícola de carnes no Brasil. O Valor Bruto da Produção (VBP) brasileira fechou o ano de 2017 em cerca de R$ 540 bilhões. A pecuária é responsável por 33% desse valor, cerca de R$ 176 bilhões. A participação mais expressiva dentro da pecuária é a dos bovinos, que respondem por cerca de 40% do valor, aproximadamente R$ 70 bilhões.

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CARNES Quando consideramos bovinos, suínos e frango, o VBP desses segmentos é de 135 bilhões de reais, cerca de 25% do total do Brasil e 77% do total da pecuária, mostrando a relevância desse segmento dentro da produção nacional. O Brasil, com a marca de 218 milhões de cabeças de gado, vem figurando entre os maiores rebanhos do mundo e segundo dados, a partir de 2007, o comportamento da produção manteve-se estável, chegando a 9,55 milhões de toneladas em 2017, um aumento de 2,7% no período. O recorde de produção se deu em 2014 com uma produção de 9,72 milhões de toneladas. O crescimento da produção brasileira superou o crescimento do efetivo de rebanho bovino. Enquanto a produção cresceu 58%, o rebanho apresentou crescimento de 38%, indicando sucessivos ganhos de produtividade no setor. Como já mencionado, as regiões Centro-Oeste e Norte representam 56% do total de cabeças do rebanho. Contudo, esse nem sempre foi o padrão, a região Centro-Oeste, que entre 1996 e 2016 sempre foi responsável por cerca de 34% do total brasileiro. Em 1996, esses 34% representavam cerca de 53 milhões de cabeças, já em 2016, a parcela passou a representar 75 milhões

Veja também neste portal,  a  Parte II do artigo Mercado Nacional de Carnes

 

¹. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/series-historicas Complexo Soja Material de Transporte e Componentes Minérios Metalúrgicos Petróleo e seus derivados Complexo da Carne Produtos Metalurgicos 17% Produtos das Indústrias Químicas Açúcar e Álcool Máquinas, Aparelhos e Instrumentos Mecânicos Papel e Celulose Café Demais Produtos CAPÍTULO 1 12

² Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/ppm CAPÍTULO 1 14 INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CARNES Gráfico 02 TAXA DE CRESCIMENTO ACUMULADO DO EFETIVO DOS REBANHOS NO BRASIL ENTRE 1996 E 2016 Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal.

Parte do conteúdo disponível no livro “Agronegócio”, da série Cadernos FGV Projetos, março 2019 – www.fgv.br/fgvprojetos

 

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