O estudo mostra que o conforto térmico com o uso de eletrônicos pode impactar diretamente nas atividades de rotina, mas ainda não é acessível para todos os brasileiros
O uso de equipamentos de ventilação e refrigeração tem se tornado cada vez mais indispensável na rotina dos brasileiros. Pesquisa do Instituto Locomotiva, em parceria com a PwC, revela que o uso desses eletrodomésticos tem aumentado diante das temperaturas extremas que têm acometido o País. Além de refrescar o ambiente e diminuir o desconforto, o estudo aponta que eles contribuem para melhorar o sono e dar mais disposição na hora de estudar e de trabalhar.
“O calor extremo já não é só um incômodo passageiro, é um desafio crescente para a vida nas cidades. Com temperaturas cada vez mais altas, ventilar ou refrigerar ambientes deixou de ser um luxo e se tornou uma necessidade. Mas nem todos têm esse acesso, e as consequências vão além do desconforto: afetam desde a capacidade de concentração no trabalho até o desempenho escolar de milhões de brasileiros. Hoje, falar de mudanças climáticas é falar também sobre oportunidades ou exclusão”, afirma Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
O levantamento do Instituto Locomotiva, que ouviu 1.510 brasileiros em todo o país, revela que 82% aumentaram o uso de equipamentos de ventilação, como ventiladores e climatizadores, no último ano. Entre as classes A e B, esse percentual sobe para 86%, enquanto entre as classes D e E cai para 73%. Já o uso de equipamentos de refrigeração, como ar-condicionado, aumentou para 48% dos entrevistados, sendo 64% nas classes A e B, mas apenas 31% entre as classes D e E.
Os dados revelam a dificuldade de acesso a esses equipamentos: 1 em cada 5 brasileiros das classes D e E gostariam de ter utilizado mais o uso de aparelhos de ventilação, mas não tiveram condições financeiras. Quando se trata de ar-condicionado, que possui um custo mais elevado, esse percentual salta para 6 a cada 10 (56%), evidenciando a desigualdade no acesso ao conforto térmico.
Sobre os eventos climáticos – O levantamento também revela que 9 em cada 10 brasileiros afirmam ter notado a ocorrência de fenômenos climáticos fora do habitual em suas cidades. Entre os mais citados estão o calor excessivo, as chuvas mais fortes e o aumento de alagamentos. Ao todo, 94% notaram temperaturas mais altas do que o habitual, 82% observaram chuvas mais intensas e 76% citaram o surgimento ou aumento de pontos de alagamentos ou enchentes onde moram.
Além disso, 70% dos brasileiros perceberam períodos de secas mais fortes ou prolongados do que o habitual. Metade notou o surgimento ou aumento de pontos de deslizamento de terra, enquanto 29% sentiram temperaturas mais baixas do que o habitual na região onde vivem.